A endometriose é uma doença caracterizada pela presença de um tecido semelhante ao endométrio (camada interna funcional do útero) em localização extra-uterina, principalmente nos órgãos e estruturas da pelve feminina. A endometriose pode causar dor (na forma de cólica menstrual, dor durante as relações sexuais, dores lombares com irradiação para membros inferiores, dores e alterações dos hábitos intestinal e urinário, etc) e/ou infertilidade. Pode ser também excepcionalmente assintomática, diagnosticada incidentalmente durante exames de rotina.

A endometriose tem alta prevalência na população feminina, estimada em 10% da população geral, ou em até quase 90% das mulheres com dor pélvica crônica. Estima-se que grande parte destas mulheres ainda não tenham o diagnóstico da doença, o qual, infelizmente, pode demorar até 10 anos após o início dos sintomas. A história da evolução natural da doença ainda não é completamente conhecida. Apesar de ser atribuída à menstruação retrógrada (menstruação que reflui pelas trompas uterinas ao interior da cavidade pélvica) a principal causa de endometriose, evidências atuais demonstram, de maneira cada vez mais contundente, que esta teoria pode não explicar a doença, principalmente na sua forma profunda.

Quando necessário, o tratamento pode ser realizado com medicações e/ou cirurgia. As principais medicações são diferentes tipos de hormônios que visam o bloqueio do estímulo hormonal existente sobre as lesões endometrióticas, e não são indicadas para mulheres que desejam engravidar, pois estes remédios também têm ação anticoncepcional. Os efeitos do tratamento são variáveis e costumam permanecer apenas durante o tempo de uso dos mesmos. Atualmente, os resultados mais duradouros e eficazes costumam ainda advir do tratamento cirúrgico.

A cirurgia avançada para tratamento da endometriose pode ser realizada por laparoscopia. As primeiras experiências relatadas datam de 20 anos. Recentemente, relata-se também o uso da cirurgia robótica para tratamento da endometriose, ainda de maneira inicial. Exames complementares, como a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética, permitem uma adequada avaliação da extensão das lesões e planejamento cirúrgico apropriado, quando realizados por profissionais experientes na área. O resultado cirúrgico final dependerá, fundamentalmente, da adequada avaliação clínica e laboratorial da doença no período pré-operatório, da experiência da equipe cirúrgica, e da extensão da ressecção das lesões. Todos estes aspectos devem ser discutidos com seu médico previamente à opção pela realização de cirurgia.